5 de agosto de 2010

ENSAIOS DE LEITURA E LITERATURA INFANTOJUVENIL, MAIS UM POUQUINHO...

Continuando a leitura de "Ensaios de Leitura e Literatura Infantojuvenil", de Francisco Aurélio Ribeiro vi despertar em mim muitas lembranças. Faz uma referência ao "antológico conto de Eça de Queiroz, O Suave Milagre".
E eu, novamente, viajei para o passado...Mas a velhice é sempre voltar ao que já se viveu.
Lembro-me  do professor Geraldo Costa Alves organizando uma comemoração de Natal, com suas alunas do Ginásio "Maria Ortiz", antes do encerramento do ano letivo. Reuniu um grupo de meninas e leu para elas o conto do escritor português.
À medida que lia, "traduzia" as palavras das quais desconheciamos o significado. Afinal, o português de lá difere do português de cá...
Tudo entendido, dividiu o conto em pedaços entregando-os a cada uma das meninas. Seria um jogral recitado. Ensaiamos várias vezes para que a apresentação ficasse bem bonita. Tínhamos que estar bem seguras, ter entendido bem o sentido do texto, para que nossa platéia se encantasse com a beleza do que o escritor escrevera.
Não lembro se isto ocorreu na primeira ou na segunda série do curso ginasial. Mas o conto teve o dom de me encantar, me comover.
A parte que me tocou, de ínício, foi o final do conto. Todavia, o professsor Geraldo teve que alterar a ordem das apresentadoras...Eu simplesmente não conseguia dizer o final do conto. A voz fraquejava, as lágrimas me corriam rosto abaixo...
O Suave Milagre  ficou guardado na minha memória. Entretanto, esqueci o nome do autor.
Conheci Renato Pacheco quando éramos vizinhos. Bem, não propriamente vizinhos. Ele residia na rua Sete de Setembro. Eu, no início do morro da Piedade. Contudo, Renato sempre foi uma pessoa simples, tratava a todos de modo igual, quando a ele recorriam atrás de uma explicação, de eliminar alguma dúvida sobre este ou aquele assunto envolvendo livros, autores, etc.
Eu recorri a ele muitas e muitas vezes. Ficava maravilhada com seus conhecimentos e como sempre arranjava um tempo para explicar o que muitas vezes eu não entendia.
O tempo passou...
Um dia, lendo não sei aonde uma referência ao Suave Milagre, sem a citação do seu autor, me esforcei para lembrar quem o escrevera. Não consegui.
Recorri ao Renato, verdadeira enciclopédia viva. Prontamente me disse não só o nome do autor como onde eu encontraria o conto.
Foi um reencontro feliz com meus dias de ginasiana. Quando se chega à velhice, são muitas as lembranças que temos guardadas, que ficam adormecidas nas gavetas de nossa memória. E aí vem alguém, como Francisco Aurélio e desengaveta uma lembrança aqui, outra ali. São pedaços de nossa história de vida. Coisas boas que dão prazer em revivê-las. Lembranças de fatos, de professores, de amigos queridos que já não estão mais entre nós, mas que foram muito importantes na nossa trajetória de vida. Outros amigos vão  chegando à nossa caminhada, todos com sua importância, mas é bom não esquecer aqueles que já fizeram parte de nossas vidas. 

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